Uma tarde de sábado em uma praia de uma praia de Santa Catarina. O baile era inusitado o suficiente para fazer arder a curiosidade. Era homem dançando com homem, mulher com mulher, alto com baixa, gorda com magro, camisa de pano volta-ao-mundo verde-água, brinco de rosa de pano cor-de-rosa, calça vincada com chinelos de dedo e um aroma de perfume muito doce e desconhecido no ar. Imagens que se tornaram uma obsessão. O projeto para esse trabalho recebeu o primeiro prêmio “Concorrência Fiat”, região Sul, concurso nacional de projetos em artes plásticas. No final dos anos 80 ,construí uma tenda de um plástico translúcido; um espaço de 4 metros quadrados com uma velha lona verde militar borrada com cera vermelha e muita poeira como fundo. Tenda, assistentes e produtoras embarcamos em uma Kombi. Foram seis gratificantes e penosos meses. Ficção mesclada de realidade, os vinte casais foram sendo criados, encontrados, plasmados e finalmente expostos. Em filme preto e branco, negativo de médio formato, e muito trabalho, muitos acasos, suor e lágrimas. O fundo, de extrema importância nas minhas primeiras imagens fotográficas, como referencia de espaço e lugar na série ‘Os Colonos’, passa agora a e ser uma ficção do real. A luz natural por traz das paredes da tenda criava em cada foto, cada dia e lugar, uma nova luz. A câmera mudou de formato, passou a ser uma 6x7cm, dona de um negativo maior e bem mais rico em tons de cinza, além de um grão quase imperceptível. Em Retratos de Casamento, as questões técnicas eram muito elaboradas contrastando com o fundo que se torna um grande borrão semelhante em todas as imagens: em cena somente a ficção do casal.