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Festival Mulheres Luz, um manifesto de afeto

O evento marca o lançamento da Revista Mulheres Luz [Foto Carolina Krieger]

Mônica Maia
Carolina Krieger - Nostalgia de Clareira-01

A Plataforma Mulheres Luz nasceu com o objetivo de visibilizar, democratizar e difundir os conteúdos produzidos por mulheres da imagem no Brasil. É também um lugar para fomentar a produção da  fotografia jornalística, documental, artística e experimental, as pesquisas e curadorias, que contribuam com a construção de narrativas  diversas e contemporâneas, de projetos que tenham como propósito ampliar e fortalecer nossos espaços.

O projeto atua como um banco de dados, dispondo de uma ferramenta que permite ao mercado localizar fotógrafas, artistas visuais, editoras, curadoras, professoras, jornalistas, pesquisadoras, diretoras, produtoras, assistentes, tratadoras de imagem, designers, entre outras atividades do fazer e pensar fotografia. A busca pode ser feita por região, estado, cidade e área de atuação, ampliando assim as possibilidades de serem encontradas para trabalhos profissionais, prestação de serviços e projetos. O sistema está em constante atualização.

Historicamente, as mulheres fotógrafas não eram “vistas”, mesmo tendo participação ativa no mercado fotográfico desde o século XIX. Este movimento é um lugar que abriga conexões e cooperações, a fim de estimular e fortalecer as histórias produzidas por mulheres.

Durante pesquisas em livros de fotografias e coletâneas, a fim de conhecer fotógrafas de várias gerações, me deparei com uma publicação que aborda a fotografia na construção da imagem sobre o país, no período de 100 anos (1833 – 2003), com 163 biografias, entre elas, apenas 10 mulheres, ou seja, 6%. Muitas fotógrafas atuaram neste período. Isto me impactou e acelerou o desenvolvimento do projeto. É urgente preencher lacunas de tempo e espaço, interligando-as em uma nova linha do tempo, e não permitir apagamentos. Pesquisas e publicações têm contribuído para este resgate, as visibilidades seletivas e as repetições também contribuíram na invisibilidade de atuações.

Os direitos iguais de espaço e visibilidade entre homens e mulheres é uma busca incessante, ainda longe de ser superada, por isso a  importância de projetos que proporcionem tal debate com atenção especial à representatividade das mulheres em estruturas de preconceito. Mulheres Luz enfatiza histórias, vozes e corpos, conectando temas, tempos e territórios.

“Memória” foi a temática do 2º Festival de Fotografia Mulheres Luz, como vemos nesta publicação, propondo uma reflexão sobre o que nos foi contado, além de perspectivas que buscam construir imagens que promovam direitos, igualdade, liberdade e felicidade. 

 O Festival contou com atividades presenciais, todas gratuitas. Entre elas, destaco as três convocatórias, abertas para fotógrafas e artistas visuais de todo país, e o lançamento desta publicação. Foram dias de oficinas, rodas de conversas, apresentação de projetos, projeções, feira de fotografia, agenda de autógrafos, exposição, mostra de fotolivros, muitas trocas e aprendizados.

Trabalhos apresentados trouxeram imagens associadas à vida cotidiana, arquivos pessoais, espaços de vivências, vestígios, histórias documentais, pessoais e ficcionais, experiências imagéticas, pesquisas, documentações, entre outras fotografias que ganharam significados nas relações de tempo e sentimento. As oficinas também tiveram a foto como objeto de interferência por bordados, colagens e construção de narrativas, sem contar a magia de ver uma imagem aparecer de uma lata de marmita, câmera pinhole usada pelas crianças. 

O evento foi idealizado e produzido por mulheres, reforçando a representatividade em toda a cadeia produtiva da fotografia e no fazer cultural. A participação do público foi aberta a todos os gêneros. 

Mulheres Luz atua em eventos, exposições, acompanhamentos de projetos e produções culturais, como a revista lançada durante o 2 º Festival de Fotografia, em outubro de 2024. 

Os Festivais são espaços de convivência, troca e aprendizado, eventos de extrema importância para a formação e construção de identidades culturais.

Mulheres Luz é um manifesto de afeto, um movimento em rede.

Mônica Maia

 

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