Vésper

Manu Rigoni

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, número que representa 13% da população do país. E esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo IBGE. Estima-se que, em 2043, um quarto da população brasileira seja idosa, em comparação a 14,3% de jovens com até 14 anos.
Dados do IBGE apontam que, “em 1950, o número de homens idosos era de 1,18 milhão e o de mulheres era de 1,45 milhão (havia um superávit de exatos 273 mil mulheres). Em 1980 a quantidade de homens de 60 anos e mais passou para 3,64 milhões e a quantidade de mulheres chegou a 4 milhões. Nesse ano, o superávit feminino ainda era relativamente pequeno e a razão de sexo era de 91 homens para cada 100 mulheres entre a população idosa. Desse contingente majoritário, existe uma alta proporção de mulheres idosas que moram sozinhas nos domicílios particulares unipessoais ou moram em domicílios com outros parentes ou agregados, mas sem a presença de um companheiro. Esse fato foi denominado no passado de pirâmide da solidão. Mas como morar sozinho não significa ser solitário, hoje ele surge indicando apenas a existência de um crescente número de mulheres idosas sem cônjuges.”
Tendo em vista a diferença no número de mulheres idosas no Brasil – também no mundo – diz-se que há uma feminização do envelhecimento. Nem sempre as dificuldades do envelhecimento da mulher são (re)conhecidas. Envelhecer ainda é um tema de pouca relevância no Brasil e, nesse contexto, a mulher recebe ainda menos destaque. Vimos em 2020, primeiro ano da Pandemia, um agravamento no preconceito contra idosos, que foram encarados como peso para sociedade e o sistema de saúde. No entanto, a discriminação vivenciada por mulheres é muito maior na fase idosa, quando a intolerância não está apenas relacionada a idade cronológica, mas também a aparência: a idade se mostra como um marcador que, mais uma vez, força as mulheres a criarem estratégias contra envelhecimento.
Apesar dos números apontarem a predominância feminina na fase idosa, as discussões acerca do assunto são escassas e poucas iniciativas acontecem para minimizar esse déficit. É necessário, de forma urgente, debates e ações que estimulem a autoestima e autonomia feminina, principalmente na fase idosa. O que estamos fazendo em prol das mulheres que envelhecem? Como estamos nos reeducando a respeito do envelhecimento? As necessidades dessas mulheres são atendidas? É claro que no Brasil a população idosa ainda é vista como um “problema sem solução”, quando muitos ainda são abandonados e negligenciados, por falta de consideração, respeito e amparo.

VÉSPER
Vésper é o Planeta Vênus visto depois do pôr-do-sol ou antes do amanhecer. Assim como a velhice, que não um desfecho, mas o fim de um ciclo (o pôr) e o começo de outro (o amanhecer). Na História da Arte, Vênus representa poder do corpo feminino; o símbolo com círculo e uma cruz embaixo, que conhecemos por Feminino, é o Espelho de Vênus, símbolo astrológico do planeta. Em Vésper, mulheres que vivem os últimos anos de vida são fotografadas – sozinhas ou amparadas por familiares; é visto o feminino na tríade: mulher, velhice e solidão (do convívio em si e pós morte). Um projeto a longo prazo, mas com urgência e celeridade.

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Manu Rigoni
Recife – PE
Fotógrafa
@manurigoni