Em 2025 a cidade de Belo Horizonte é tomada por um dilúvio consequente do descaso pelos seus rios urbanos. Rios que transbordam o asfalto, atravessam tempos, transportam a cidade, sonham barcos. Ele insiste. Três Momentos de um Rio é uma fabulação poética e fotográfica dos rios urbanos da cidade de Belo Horizonte, numa profusão de tempos que olham seu passado, presente e futuros possíveis. Em meio a narrativa distópica, um homem constrói um barco. Não ignorando as águas que submergem a cidade ele agora é capaz de navegar rumo a um outro futuro possível. A preocupação com as decisões políticas desenvolvimentistas e predatórias à natureza acompanha este nosso trabalho, que teve início em 2017, quando iniciamos uma pesquisa histórica acerca dos rios da cidade de Belo Horizonte e seu processo de canalização e fechamento, que culminou em 208 KM de rios invisíveis sob as avenidas. Além da pesquisa histórica, anualmente registramos os períodos de chuva que causam alagamentos devido à falta de escoamento, o que nos levou a criar um futuro distópico para a cidade, datado para 2025, quando a cidade termina alagada e submersa após uma grande tempestade. Em 2020, o Brasil, e o mundo, assistiu as consequências catastróficas frente ao volume de chuva em Belo Horizonte, que foi o maior em 112 anos. As canalizações tiveram início com a justificativa de que progresso industrial acabaria com os esgotos a céu aberto e de que conteria alagamentos, mas o que vimos ao longo dos quase cem anos de canalização, foi que a cada ano as enchentes crescem e mais rios morrem na paisagem. O trabalho se desdobra em fotografias, vídeos e um livro, que tratam do limiar entre realidade e ficção, na busca de resgatar o azul e seus afetos de volta à paisagem urbana.