Relicário

Lu Berlese

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Quando criança, adorava brincar com minhas avós de ver fotografias e ouvir as histórias que as imagens contavam. Uma das avós tinha um álbum com capa de couro e papel vegetal entre as páginas, organizado cronologicamente, que retratava a nossa família. A outra avó tinha uma caixa. As imagens pululavam sem ordem de tempo, mas com uma força narrativa própria, que mudava cada vez que eu pedia para ver aquela coleção particular.

Apesar da diferença com que cada uma se relacionava com suas imagens, em ambos os casos a Fotografia era a protagonista de uma maneira muito preciosa de ver, conhecer e compreender o mundo.

Essas experiências fotográficas marcaram minha vida.

Relicário propõe uma reflexão sobre a memória afetiva e a sua relação com a fotografia. O processo criativo começou com o inventário imagético dos objetos que ocuparam a casa das avós, já falecidas. As imagens em papel transformaram-se em miniaturas fotográficas recortadas com tesoura e estilete.

A representação imagética destas recordações foi construída a partir de conceitos encontrados nos livros A Câmara Clara de Roland Barthes, A Poética do Espaço de Gaston Bachelard, e Pequenas Memórias de José Saramago.

O ensaio final, composto por 11 imagens, reconstrói simbolicamente um espaço-tempo da memória, onde o vazio é preenchido pelos objetos pessoais que levam à morada da infância e dos sonhos – a casa da avó.

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Lu Berlese
Curitiba – PR
Fotógrafa
@luberleze