O Salão de Constance

Juh Almeida

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Som de cabelo sendo penteado por um pente garfo, música baixa no rádio, vozes de mulheres falando como se cantassem, “homem, pega ali minha cerveja”, “trança do lado de cá também”, “você acha mesmo que eu fico bonita com esse penteado?”, e foi com essa paisagem sonora que meus pés me levaram para dentro do salão da Constance, na sétima província de Maputo, em Moçambique, com a licença, entrei, cumprimentei cada uma delas e meu coração confirmou que já nos conhecíamos há muito tempo, meu corpo de mulher negra, afro brasileira e diaspórica tremeu ao atravessar o atlântico e pisar no índico, e ali, entre as paredes esverdeadas, eu lembrei do mar, e não me sentia mais naufragada, mas como se pisasse em terra segura, fui arrebatada pela potência e força que emanava daquelas mulheres, suas histórias escoavam pelos meus pensamentos como lembranças antigas, do verde-água pintados pela própria mão da Constance, mão ligeira que agora ali trançava o cabelo das suas amigas, mãos que segurava sua filha nos braços, mãos que amarrou como presente uma capulana na minha cintura e que em um abraço acalanto, eu pude entender: eu estava em casa.

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Diretora  Fotógrafa
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