“Meu coração está cheio” é um mergulho nas experiências amorosas de uma mulher. Depois de ter passado a maior parte da vida em relacionamentos heterossexuais, aproveito o espaço físico e mental que experimento para explorar outras paixões e criar minhas imagens de intimidade.

Em antigos álbuns de fotografia, busquei imagens feitas por ex-namorados para investigar o léxico de expressões apaixonadas e reações ao ser fotografada ao longo dos anos. A justaposição desses souvenires do passado com autorretratos e naturezas-mortas reflete sobre o doce e o amargo do amor, apresenta minha intimidade construída por olhares distintos e discute escolhas, maturidade, auto conhecimento e envelhecimento.

Se as feministas do século XVII defendiam o direito à educação como forma de garantir igualdade às mulheres, permitindo alternativas além do casamento, eu proponho a direção de nossas paixões para além do amor romântico. Vejo a criação artística como possibilidade de realização do desejo por uma vivência intensa e apaixonada, busca tão atávica de grande parte das mulheres.

Acima de tudo, vejo esse conjunto de imagens como um olhar afetuoso para o meu eu do passado, que me permitiu estar no lugar onde me encontro hoje.