Uma das consequências mais difíceis da escolha de migrar foi dizer adeus aos meus avós. Quando eu tinha sete anos, minha avó paterna morreu, seguida três meses depois pela única bisavó que tive a chance de conhecer. Minha mãe uma vez me disse que eu, então, pedi à minha avó materna, a avó que restava, para prometer que não morreria. Sempre fui muito próxima à minha família e me lembro da minha mãe me falando, quando eu era mais nova, para aproveitar o máximo de tempo possível com os meus avós. Se a natureza seguir seu curso, ela falava, eles provavelmente serão os primeiros a ir embora. Essa memória, real ou fabricada, ficou comigo – assim como o medo e a angústia de perder meus avós. Lembrem de mim é um ensaio fotográfico que produzi pouco antes de sair do Brasil, para tentar lidar com sentimentos que sou incapaz de expressar com palavras – e para tentar me agarrar aos meus avós e a tudo o que eles representam. O ensaio ganhou um significado totalmente novo para mim ao longo do último ano, quando meu pior pesadelo se tornou realidade: meus dois avôs faleceram no Brasil e eu não pude me despedir.