Partindo da ciência genética, afirma-se que o processo de transmutação consiste na formação de uma nova espécie através do acúmulo progressivo de mutações na espécie original. Nessa lógica, tal perspectiva aliada ao elemento fogo intensifica o processo de metamorfose, visto que ele é o responsável por causar a transferência de um estado de ser para outro e outro, e outro, e outro, pois a cada chama que queima, uma nova mutação se confirma. À vista disso, três potências femininas impulsionaram suas corpas para vivenciar a queimação, pois tendo em vista os tempos, nos quais atravessamentos nocivos, doentios, obscuros e destrutivos circulavam por entre suas veias, se mostrou necessário que elas ardessem, torcessem e gritassem para transmutarem em tempos futuros.
Agora, as corpas, autenticamente, recicladas pulsam a coragem, o desejo, a firmeza e a abundância para transgredir, em escalas até então inimagináveis, o que ainda resta da obsessão carnal movida pelo ódio. Três jornadas fundiram-se em fogo, e deram origem ao que se vê em cores e estampas vibrantes, pois movidas pelo afeto em confluência com a força instintiva da existência animal, se fortalecem. E juntas, se deliciam diante dos processos de vida, morte e vida.
Em meio às andanças, muitas já caminham lado a lado destas seres. Algumas, renascem neste momento. Outras estão atravessando os processos de queimação, e há aquelas que ainda irão esbarrar com essas potências femininas, fogosas e abundantes em tempos breves, pois a urgência se mostra, futuramente falando, presente.
Esta foi uma criação conjunta entre a fotógrafa, Júlia Moretzsohn, as modelos Mel Baba, Bia Paias e Jana Jara e o assistente de fotografia, Nico Tenca.