Depois do fim do mundo

Gabriela Massote

2021

Gabriela Massote1

“O anjo dizia em alta voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. (Apocalipse 14:7)”. Conforme anunciado nos escombros, o mundo acabou. Ao menos aquele que conhecíamos. Foi inundado. Foi chegada a hora do Juízo. Não fomos salvos e não estamos entre aqueles que ressuscitaram e subiram aos céus. Estamos em ruínas. Este grupo de imagens faz parte de um ensaio realizado na praia de Atafona, norte do estado do Rio de Janeiro, onde o avanço do mar vem transformando construções em ruínas abandonadas. Um fenômeno que acontece desde a década de 50 já destruiu em torno 500 casas e uma área equivalente a 40 campos de futebol. A região sofre também com a invasão das dunas de areia que soterraram a área urbana e estão enterrando literalmente dezenas de construções entre comércios e residências. Segundo os moradores, Atafona é a primeira cidade a ver a chegada do fim do mundo. O matemático Sir Isaac Newton (1642-1727) entendia que que o enigmático número bíblico 144.000, pichado nos restos de destruição, seria o total de pessoas “aptas para a vida no céu”, mas a Terra continuaria a ser habitada por mortais após o dia do juízo. O tom pós apocalíptico deste ensaio é justamente uma metáfora para o sentimento generalizado daqueles que sobreviveram, mas que assim como nós, ficaram presos no limbo da realidade brasileira atual.

Gabriela Massote1
Gabriela Massote2
Gabriela Massote3
Gabriela Massote4
Gabriela Massote5
Gabriela Massote6
Gabriela Massote7
Gabriela Massote8
Gabriela Massote9
Gabriela Massote10
Gabriela Massote11
Gabriela Massote12
Gabriela Massote13
Gabriela Massote14
Gabriela Massote15
Gabriela_Massote_Lima
Gabriela Massote
Rio de Janeiro – RJ
Fotógrafa  Pesquisadora  Produtora cultural
@gabrielamassotelima