2020
Imagens de desconhecidos encontradas na rua ganham releituras com intervenções manuais. Colagens que trazem recordações, algo familiar, criando uma nova arquitetura do morar. Pedras como memórias, “a casa como um corpo de imagens, que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade “ – BACHELARD. Durante a quarentena a autora teve acesso a um grande material de imagens onde iniciou sua pesquisa através de colagens manuais. Carolina apresenta a fotografia em diferentes formatos e temporalidades. Através da memória explora processos que geram resultados orgânicos onde o tempo se insere. Numa imagem construída de acasos, acidentes e intuições. A colagem como matriz para estudos sobre a memória, pedras recebem imagens das colagens, que quando juntas criam uma nova narrativa em formato de escultura. Escombros da memória, ao juntar pedaços, restos de casas, tintas secas de paredes, e usando resina cria-se uma nova casa, com uma arquitetura que parece que vai desabar, mas ela se sustenta. Utilizando como base o processo de transferência de imagem.
“Uma casa é um repositório incrivelmente complexo… tudo que acontece no mundo – tudo que é descoberto, ou criado, ou ferrenhamente disputado – vai acabar, de uma forma ou de outra, na casa das pessoas. As guerras, as fomes, a Revolução industrial, o Iluminismo – tudo isso está lá, no seu sofá e na sua cômoda, escondido nas dobras das suas cortinas, na maciez dos seus travesseiros, na tinta das suas paredes, nas águas das suas tubulações. As casas não são refúgios contra a história. É nelas que os fatos históricos vão desembocar”. (BRYSON, 2011, p. 19)