A série de 10 imagens digitais apresentadas foram recentemente realizadas (2021), tendo como ponto de partida o meu arquivo pessoal de: fotografias de família, cartões-postais, cartas de família e coleção de fotografias do século XIX e XX compradas em antiquários e leilões. Há um rico repertório fotográfico neste acervo que incluem ambrótipos (fotografias sobre chapas de vidro preto, ou transparentes pintados de preto ao fundo), tintypes (fotografias realizadas sobre chapas de metal), negativos de vidro de 9 x 12 cm, cartões postais impressos na Alemanha e no Brasil.
A seqüência de imagens mesclam fotografias de minha avó alemã Erna, onde a falta de informação e fotografias de família me fizeram mergulhar numa narrativa ficcional quanto às imagens.
Muito ouvi relatos sobre parentes que nunca conheci durante a infância, o que fez com que suas histórias estivessem sempre presente em meu imaginário. Colocá-la em fotografias é uma tentativa de criar uma narrativa em fabulação, para uma história que não é minha. Quantos de nós viemos de famílias de emigrantes, que ansiavam por uma vida melhor? Quantos fugiram da guerra, da fome, das perseguições religiosas? O quanto as imagens que encontramos nos nossos álbuns de família são capazes de traduzir essas histórias?
Durante esta pandemia passei a recordar o passado; (re)ver os nossos álbuns de família e desengavetar documentos foi uma constante dentro de nossas casas. Minha avó foi protagonista de uma história de muita luta, assim como a de milhares de mulheres que emigraram para um país estrangeiro com um filho pequeno. Adaptar-se a uma nova língua, novos hábitos alimentares e nova cultura foram desafios diários ao adentrar o Nordeste deste país, e passar por vários estados até chegar ao Rio Grande do Sul. As imagens que compõem o ensaio tentam homenageá-la.