A série A Representação da Mulher Gorda Nua na Fotografia (1995) é composta por 28 trabalhos realizados com colagens de fotografias, jornais, textos, cores, linhas e formas que são ampliadas sobre lona/vinil. As fotografias são intituladas como Gorda 1, Gorda 2, Gorda 3, assim sucessivamente, seguindo a sequencia da produção. São imagens compostas por fotografias auto-retratos e de outros corpos, realizadas por mim, além de outros fragmentos retirados de jornais, revistas, cartões postais e textos que, inseridos no corpo do trabalho, resultam nas imagens da série. São mulheres gordas e temas pertinentes com as questões abordadas como a sexualidade, a alimentação a aparência, a maternidade, a amamentação, a gordura e a construção das identidades. Imagens construídas com o objetivo de abordar este assunto tabu, os corpos negados e invisíveis.
Abordo as questões do corpo através de um posicionamento político, com a produção de ações, em que estou nua posando para fotografias. Uma ocupação do espaço, um posicionamento, colocar-se presente e visível, discutindo padrões, estéticas e as diversidades
Mulheres Gordas com suas dobras, estrias e cicatrizes que estão fora das normas e tabelas que ditam a normalidade. Invisível, pretendem desvendar-se. Estar nos espaços e atuar, ocupar, ser. São fotografias, resultado de ações fotoperformáticas. Surgiram pelas experiências com meu corpo considerado fora dos padrões, estranho a estes modelos ditados a todas as mulheres.
As ações debatem questões como as relações dos corpos, as biopolíticas, os feminismos, os problemas de gênero e as diversidades, em todos os campos, dos corpos às linguagens que se encontram e se desdobram em trabalhos múltiplos, híbridos. Corpos híbridos que se encontram e potencializam as produções e criações em arte.
As transgressões levam às abjeções. Os corpos que se posicionam e não cumprem as regras, que não estão nas normas, são desconsiderados, não serão representados. Serão silenciados. Morte em vida.
As artes são campo de posicionamentos e transgressões, criando forças poéticas que transcendem às racionalidades e nos atingem direto, no fundo de nossas sensações, e a todos.