No horizonte, os espigões da cidade estão visíveis, tão perto que se pode enxergar detalhes da outra margem.
Mas em apenas uma das margens é possível perder-se e perder o tempo.
E é quem perde o tempo, quem mais o tem.
Esse rio, imenso e barrento, cruza a América do Sul, dos Andes até o Atlântico, carregando vida.
Ele separa a Belém do continente da Belém das ilhas.
ESSAS ÁGUAS SEPARAM O PRÓPRIO TEMPO.
O tempo do mundo e o tempo da Amazônia, o tempo do dinheiro e o tempo ancestral. Cada um em uma margem.
Dizem que estamos no fim dos tempos.
É tempo de viver no tempo da outra margem.
É tempo de remar no tempo.